O fiasco da criptomoeda Libra do Facebook

O plano audacioso do nosso querido Zuck de dominar o mundo utilizando a sua criptomoeda Libra - que por sinal, de criptomoeda não tem nada - aparentemente foi de aguá abaixo com sucessivas traições por parte dos seus membros. Dos 28 apoiadores do projeto, quando veio a público em junho deste ano, 7 já pularam fora do barco. Apenas nestas últimas semanas, três nomes de peso abandonaram o consórcio, sendo eles: Booking, Visa e Mastercard.
A Libra, uma orgalização que outrora foi composta por 28 empresas que apoiaram financeiramente o projeto, agora composta por 21, encontra-se muito fragilizada. Nomes como PayPal, eBay, MercadoPago e Stripe também já não fazem parte do projeto, motivadas, aparentemente, por questões relacionadas a regulamentações. 

Prevista para ser lançada oficialmente em 2020 e que estaria presente no mensageiro WhatsApp - que sozinho abarca mais de UM BILHÂO de usuários ativos - desde o seu anúncio sofreu muitas pressões por parte de políticos, preocupados com relação a como ficaria a questão jurídica, e também por parte do sistema bancário tradicional que poderia ver o seu sistema de controle sendo deluído rapidamente, tendo em vista o alcance astronômico que a Company do nosso galã Zuck tem. 

Em julho, algo em torno de um mês após anunciada, o Trump falou abertamente na sua conta do Twitter que não era muito fã da ideia. Isso por si só desgastou muito a imagem da Libra, mas não para por aí. Alemanha e França já se pronunciaram e deixaram claro que caso percebam que a Libra ofereça um perigo direto ao sistema bancário tradicional, irão banir a moeda digital. 


Os problemas com regulamentações já eram previstos e sinceramente não faz tanto sentido muitos nomes terem pulado fora do barco após ficar mais claro que a Libra sofreria muitos problemas com relação a isso. Pelo que tudo indica, existe algo a mais por trás disso tudo que ainda não veio a público. De qualquer forma pelo que tudo indica a Libra será o grande fiasco do ano. 

Libra não é uma criptomoeda

A primeira criptomoeda surgiu há algo em torno de 10 anos atrás. Nomeada Bitcoin, ela foi a primeira moeda genuinamente descentralizada sem nenhum ponto vulnerável. Ainda hoje existe muito mistério envolvendo o criador, Satoshi Nakamoto, porém, pouco importa quem seja a mente brilhante por trás do Bitcoin. Com sua natureza embrionária descentralizada, ninguém pode ditar o caminho que a moeda seguirá.

As principais características de uma criptomoeda, portanto, são:
  1. Moeda
  2. Algoritmo de consenso 
  3. Sistema de governança descentralizado
  4. Mecanismo de segurança criptográfico
  5. Sistema de armazenamento descentralizado
A Libra, apresentada como sendo uma criptomoeda, peca no principal componente de uma; O sistema de Governança.

No Bitcoin, primeira criptomoeda e portanto a que devemos usar como exemplo para classificar uma cripto, o sistema de governança é aberto e livre, permitindo que qualquer um possa através da força de trabalho (POW - Algoritmo de Consenso) fazer votos de governança. Existe por aí outras moedas que utilizam algoritmos de consenso diferentes, como é o caso da Nano que utilizada o POS (prova de participação) onde quem tiver mais moedas consequentemente também terá mais poder de voto.

Na libra, ao contrário do Bitcoin, o sistema de governança não é livre. Nela, apenas os players selecionados pelo Zuck poderão atuar na governança da moeda, podendo ditar os rumos da mesma. Levando em consideração que todos os governantes da Libra são empresas e consequentemente não anônimas, podemos dizer então que a Libra não é descentralizada, sendo passível a ataques de políticos e afins.

Mas até aqui nenhuma novidade. Todo mundo já sabia que a Libra não é de fato uma Criptomoeda. O que muitos não perceberam é que ela não veio para concorrer com o Bitcoin. A função dela seria bater de frente com o sistema tradicional bancário, atuando justamente como um banco com o acrescemo de ser mais eficiente e de certa forma democrático. Com um 1 mil de TPS, contra os 1,7 mil da VISA e os mero 4,7 do Bitcoin, a Libra dentro de pouco tempo abarcaria uma boa parte do mercado.

Se de fato concretizado, a Libra permitiria que muita gente que hoje não tem acesso à conta bancária por diversos motivos, pudessem transferir valor facilmente pela internet necessitando apenas de um celular. NO ENTANTO, ela não seria diferente do que já conhecemos hoje. Há regras para poder usá-la e isso por si só quebra as pernas de muita gente. Entre elas, estão:

  • Forneça informações precisas sobre você.
  • 13 anos de idade ou idade legal no seu país

Imagine que você é uma criança órfã na Síria no meio do fogo cruzado. Mesmo tendo discernimento necessário para fazer trocas voluntárias, você seria impedido de usar dinheiro pelas regras do Facebook, tendo que apelar para algum adulto.

Ou imagine que você é um cidadão comum. Para ter um cadastro para transferir valores com a criptomoeda do Facebook você teria que passar pra eles muitas informações pessoais que poderiam posteriormente serem usadas contra você mesmo. Ou mesmo ter tais informações vazadas, como já aconteceu várias vezes com os usuários do Facebook.

Ninguém precisa da Libra

Apesar da sua tecnologia promissora e disruptiva, ela é extremamente vulnerável a ataques e também antidemocrática (ainda que bem menos que o sistema bancário tradicional). O que a torna interessante é a sua largura de rede, capaz de abarcar até mil transações por segundo de uma forma centralizada. Mas, criptomoedas descentralizadas já fazem isso. É o caso da Nano.


Anteriormente chamada de RaiBlocks, a Nano tem um limite teórico de até 7 mil TPS. Isso não quer dizer que ela já faça isso atualmente, mas mostra o quão a moeda tem uma tecnologia inovadora, pronta para uso em longa escala. O que a torna diferente da Libra é que ela é totalmente descentralizada e democrática, permitindo que qualquer um com acesso à internet possa utilizá-la para transferência de valores com pseudo anonimato.

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